domingo, 18 de fevereiro de 2007

O ano do porco.

Estamos a 18 de Fevereiro e neste dia inicia-se o novo ano chinês: o do Porco: mau para casamentos, óptimo para ter filhos mas em geral, dizem os astrólogos chineses, um ano difícil e de conflitos porque os elementos Fogo e Água vão estar em posições contraditórias o que significa sempre… problemas! Mas bom, para o meu signo: Dragão, vai ser um ano óptimo porque pelos vistos temos sempre sorte… Vá lá vá lá…

Os festejos do ano novo aqui em Shanghai são o delírio das bombinhas de Carnaval! De manhã à noite, há já alguns dias, que só se ouve Bum! Pah! e Bum! outra vez. Não se pense que são fogos organizados pela municipalidade… é cada um destes 20 milhões de habitantes que, por iniciativa própria, se diverte a lançar fogo de artifício (daquele estrelado no céu) e a explodir nas ruas uns dispositivos que soam a metralhadoras. Ontem, à meia-noite, foi o caos total. Estávamos num cruzamento e de todo o lado explodiam coisas! Tão perto que nos caía em cima papel queimado… Não consigo descrever o barulho, as luzes e o fumo… devo admitir… que adorei!

Fica um filme para verem mas sobretudo para ouvirem porque não consegui manter a câmara quieta.
Feliz Ano Novo.
ps. não fica filme nenhum porque não descobri como pô-lo aqui. vou estudar o assunto.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

a chegada.

A chegada foi confusa como tinha de ser, após onze horas de avião e uma diferença horária de oito horas, tudo na nossa cabeça fica baralhado. Eram dez da manhã em Shanghai e duas da manhã em Coimbra.

Treinámos os primeiros “ni hao”s no aeroporto com a polícia que nos verificou os passaportes. O resultado não foi animador: nenhuma das quatro conseguiu arrancar mais do que um ligeiro esboço de sorriso à funcionária chinesa. Claramente uma excepção, após duas semanas de Shanghai já deu para ver: os chineses são bem dispostos e gostam de rir (mesmo se as raparigas normalmente tapam a boca com as mãos para esconderem os risos).

Do aeroporto para o Magnificent Hotel… nem de propósito este nome, não que o hotel fosse muito magnífico… mas porque hotel “magnificiente” soa mesmo a coisa chinesa. Nesse fim de tarde (atenção à velocidade dos acontecimentos) fomos ver as primeiras casas para alugar e nessa noite jantámos e saímos com mais colegas do Contacto. De referir a saborosa cerveja Tsingtao.

A saborosa cerveja Tsingtao com as poucas horas de sono teve tal efeito na minha pessoa que até hoje nunca mais lhe toquei. A manhã seguinte... foi difícil. O pequeno-almoço “magnificiente” exalava um cheiro a fritos possível de sentir a cinco andares de distância e os chineses comem o quê ao pequeno-almoço? Perguntam vocês? … sim, sim, mesmo isso: arroz. Como é evidente fiquei-me pelo modesto kit chá mais torrada. E foi neste estado muito pouco estável que aconteceu: Já me tinham falado do assunto, tinha sido avisada, tinha mesmo lido sobre o fenómeno... mas o primeiro arroto que ouvi: apanhou-me completamente desprevenida. Estava a tentar ignorar o cheiro a fritos quando de repente, sem que nada o indicasse, mesmo atrás de mim… aquele som desgraçado: que arrotão! É assim na China, tudo arrota quando bem lhe apetece. E já agora ficam a saber… a cuspidela é tão ou mais usada do que o arroto. Na rua aquele som do hrraaaa (inspiração) rrrrrrr (suspensão) puf (“expelição”) ouve-se a cada minuto vindo de toda a gente! Não são só homens… delicadas beldades orientais também o fazem. Andar nas ruas de Shanghai é rezar para que nenhum destes projécteis nos acerte e ter atenção ao passo… ao vê-los assim escarrapachados no chão.